quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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UNIDADE CLASSISTA
"A emancipação da classe operária deve ser obra dos próprios trabalhadores"

INTERSINDICAL
"Instrumento de luta e organização da classe trabaladora"
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Ano 01 Nº 02 Osasco Fevereiro de 2009


Jornal da Classe


Férias coletivas, demissões em massa, redução de jornada com redução de salários. A saída para crise encontrada pelos patrões, mesmo com o Estado injetando dinheiro público em empresas privadas.

Não obstante, a seguridade dada aos patrões pelo velho e bom Estado já não tem sido aquela velha e boa solução como a de anos atrás. Resumidamente, em 1929, quando a crise os pegou no contrapé não acreditavam que estavam à beira da ruína por terem uma grande quantidade de mercadorias para serem vendidas, então, o problema era a crise da super-produção. O Estado, com suas reservas, comprou, queimou e fez o que tinha que ser feito para solucionar o problema da super-produção. Para os trabalhadores, John Maynard Keynes – economista inglês – sugeriu o estado de bem estar social, ou seja, melhorar a condição de vida da população que sofria nesse momento, considerando que a população não teve a menor importância se sobreviveria ou não, o importante era tirar as empresas da crise, o povo ia a reboque.

O Estado “era” o regulador da economia contrariando a concepção dos grandes liberais, mas não tinha outra saída, ele era, e é, a instituição política a qual ostenta a democracia e decide pelo bem da nação, portanto ninguém melhor que ele para solucionar dois problemas completamente atrelados. Hoje, em meio a turbulenta crise econômica e política, o Estado continua contrariando a posição dos velhos liberais, pois eles continuam intervindo na economia, porém, com o advento do neoliberalismo, desde a década de 1970 vem tentando retirar do Estado suas responsabilidades que não poderia ser de mais ninguém. Quem, por exemplo, poderia despender de toda infra-estrutura para habitação, saneamento básico, saúde, educação, entre outras necessidades primordiais da população?

Não condenamos a ação do Estado em intervir na economia, ao contrário, ele é o único que pode fazer isso, basta ver o que Barak Obama está fazendo nos EUA, seu projeto é de liberar 280 bilhões de dólares para as montadoras, somente para as montadoras, e isso não é garantia de que não haja demissões. Tomemos como referência o que vem sendo feito no Brasil, uma dinheirama sendo investida no setor produtivo com o fundo arrecadado dos descontos nos salários dos trabalhadores e ainda assim estão mandando embora muitos empregados. Em dezembro fechou o ano com um déficite de mais de 600 mil empregos. Em janeiro de 2009 começou com a ampliação da perda de mais de 100 mil empregos. As decisões tripartite (patrões, Estado e sindicatos) tiraram uma resolução de redução de jornada com redução de salários que é abominável para qualquer sindicato, já que até o governo federal vem criticando tal atitude devido o montante que está sendo destinado às empresas.

A empresa Mecano Fabril, localizada em Presidente Altino - Osasco, além das demissões, deu férias coletivas e redução de jornada aos trabalhadores, seus empregados não trabalharão nenhuma sexta-feira até março, isso vem acontecendo desde dezembro acompanhado de redução de salários. Na Amsted Máxion mais de seiscentos trabalhadores foram demitidos, todos foram colocados num galpão e só sairiam de lá depois que assinassem as demissões, segundo o depoimento de um de seus funcionários demitidos.

Diferentemente da forma que o Estado vem atuando, nós entendemos que o investimento deve ter outro direcionamento, com outro propósito. Pois, quanto mais investimento tiver nesse momento pior ficará a situação pela própria lógica do capitalismo, principalmente a dos trabalhadores. Considerando que as crises do capitalismo acontecem de tempos em tempos e são inevitaveis.

Esses momentos de crise devem servir para a classe trabalhadora entender que sempre depois de uma tensão dessas vem uma situação nova, que possibilitará o surgimento de algo novo.

Nossa proposta para os trabalhadores de Osasco e região é que se for para entregar dinheiro público para financiar empresas, que seja para as empresas dos próprios trabalhadores em forma de cooperativas, associações, etc. Que seja investido em habitação, saúde, educação, dando melhores condições de vida e autonomia de decisão aos trabalhadores, estudantes, incentivar a produção coletivizada, assentamentos urbanos e rurais autônomos em seu planejamento e organização. E para que, inclusive, os gastos do governo sejam racionalizados, aproveitar as empresas que não cumprem com suas obrigações sociais, econômicas, para com a população brasileira e de Osasco e região, que toda estrutura construída pelas mãos dos trabalhadores e endividadas pelos burgueses, sejam repassadas para as mãos dos próprios trabalhadores, garantindo-nos, coletivamente, uma saída para o problema que nos afligi. Nos referimos, principalmente, às empresas que não tiverem como sobreviver à crise por mweio de falências acumulação decorrente da ganância.

Portanto, fazemos algumas pontuações que identificamos como primordiais para a classe trabalhadora nesse momento já indicando sua emancipação. São elas:

  1. A crise é inevitável. Acreditar na sua solução investindo mais dinheiro, não corresponde a uma solução coerente. O capital, quanto mais se reproduz menos valor ele tem, aumenta o capital constante (máquinas, matéria-prima, infra-estrutura no geral) e diminui o capital variável principalmente a força de trabalho, meio pelo qual se cria valor na mercadoria e que, a partir dela, se entende o conflito entre capital versus trabalho.

  2. O Estado tem que pensar em outras soluções para a saída da crise e não investir mais dinheiro num sistema que está falindo a cada dia mais;

  3. Principal meio de superação da crise: constituição do Estado Socialista Brasileiro;

  4. Que por meio dele haverá distribuição de riqueza, socialização dos meios de produção, controle na comercialização da produção pelo Estado e pela população e cada um recebendo, por enquanto, segundo suas possibilidades;

  5. Politicamente, o que dará as diretrizes para a recomposição representativa da população serão os conselhos populares em suas diversas instancias, começando pelos bairros, depois os municípios, passando pelo Estado até chegar ao âmbito federal, com custos reduzidos a quase zero no que diz respeito aos salários e diversos auxílios como roupa, propaganda, etc. A racionalização dos gastos para tais tarefas deve ser levado em conta que cada um receberá segundo suas possibilidades, e mais, suas necessidades como representante do povo e não como burocrata, tal representante não será um burocrata que viverá da acumulação do Estado advinda da exploração da força de trabalho, sendo que já sabemos para que serve o dinheiro acumulado por ele (financiar, nos momentos de crise, empresas multi/transnacionais). Este será um representante temporário que poderá e será substituído por outro de escolha da própria população a qualquer momento, tendo em mente sempre os interesses da classe trabalhadora e sua condição e situação de vida.

  6. Além dos meios tecnológicos de produção, socializar a terra urbana e rural para os trabalhadores organizados coletivamente em cooperativas e associações que visem melhorar o rendimento dos mesmos. Principalmente no campo onde é mais intensa a exploração, lembrando que ainda há trabalho escravo nos dias atuais, com incentivo à tecnologia, expropriação de terras que estejam passando por processos jurídicos em qualquer instancia. Sobre o trabalho escravo: onde houver será julgado por júri popular e classista independente de quem seja o burguês/patrão.

  7. Escolas que acompanhem o desenvolvimento político, econômico e social com o objetivo da universalização do conhecimento.

  8. Lazer. Profissionais capacitados para acompanhar os usuários dos parques, clubes. Esporte obrigatório e responsável desde a educação infantil, levando-o às demais idades. Todos terão acesso e assessorias para terem uma qualidade de vida elevada e plena, sendo que a principal é o fim da exploração despótica do sistema capitalista.

  9. Cultura. Criação de espaços públicos e garantir o usufruto dos mesmos, tais como teatro, coretos/praças públicas, centros culturais e feiras artesanais que não visem necessariamente o desenvolvimento econômico e individual, mas o desenvolvimento social e cultural da população. Incentivo a grupos musicais. Além do estudo sobre as diversas línguas, culturas e lutas de resistência da América Latina e outros países do mundo reforçando o espírito solidário e internacionalista dos comunistas.

  10. Para melhorar os atendimentos em serviços públicos de saúde, o quadro de médico será complementado por médicos brasileiros formado em Cuba, bem como a contratação de médicos cubanos, considerando que além da formação cientifica, recebem formação política e humana na faculdade.